terça-feira, 6 de julho de 2010

Cavalos ainda não descem escadas

Arnaldo, eu quero decolar toda a manhã contigo em um mundo de cristal, em um mundo surreal. Nós somos dois que não estamos nem aí pra morte, não estamos nem aí pra sorte, já pensamos que éramos ruins e choramos de amor pela humanidade.

Eu não queria que tu não pensasses mais, sei que é perverso, mas eu quero que tu lembres até do quarto andar, eu quero saber todos os replays que embaçam o teu olhar. Tudo aquilo que errou, ah, Arnaldo, eu seria o teu dinheiro.

Nós nunca nos encontramos, tu sequer sabes da minha existência, mas tantas vezes minhas colchas e meus lençóis já se encontraram por ausência de alguém entre eles. E assim como tu, eu vivi. A paz parece ser forte. Amamos tantos gritos, rimos dos gritos. E tudo começou outra vez. 1, 2, 3. Talvez porque tu “estavas” ali comigo.

Porém ao contrário de ti, não me apego às coisas matérias, prefiro te imaginar dando “bom dia” para as flores, pintando quadros.

Eu só penso em o quanto eu quero cantar bem alto na Augusta para que tu possas me escutar, como um chamado. Porque eu realmente não sei onde te encontrar, não sei por que te escondeste em Juiz de Fora. Sei que preferes assim, mas poderíamos tomar um chá, depois tu me mostrarias tuas artes, e logo em seguida iniciaremos um musical, contigo no violão, teclado, bateria, tu podes escolher.

Talvez, Arnaldo, tu sejas a pessoa mais bonita que eu já ouvi falar.

Eu queria comer do teu bolo, queria te cumprimentar, te poder fazer de avô, queria rir das tuas piadas e do teu sotaque paulistano - aquele “érre” puxado. Enfim, te parabenizar pelos teus sessenta e dois anos. Desejo poder chegar a tua idade assim, me achando meio malandra velha e gostando de viajar.

Sei que Lucinha, agora, cuida bem de ti, e que mais ninguém encanta teu coração. Mas tenho que te falar: a melhor música ainda é Dia 36.

Arnaldo, vamos sentir o barato de todos os tempos até quando Deus quiser. Vamos procurar nosso disco voador, vamos pescar pessoas.

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