segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ambição, paciência

Sinto vontade de escrever.
Sinto vontade de expor a gratidão que meu coração teve enquanto consumia tuas palavras.

"Fostes feita pra mim".

Mantenho-me insegura, como bens sabes.

O significado que tu pões em mim me aquece como se não pudesse mais chorar, como tanto já fiz ao teu lado. Choros esses que já por serem sem sentido, me afundam na ignorância de mim.

Parece que me pegas pela mão e que parece me acompanhar. Nenhum de nós dois sabe explicar a importância das coisas, mas temos pressa por querer saber. Ao certo, já estou a menos um processo de descoberta; te estimo com tanto escândalo (!) ao ponto de não te querer nunca longe de mim.

Até que ponto tu consegues aumentar minha ambição? Minha ambição de ter algo por mim, de ter várias conquistas, fazer todas as escolhas certas. És isso, minha ambição e paciência de viver. Ser tão jovem ainda prevê certos erros. Crus, seguidos. Pequenos, necessários. Ao teu lado.

Tão esquivos ficamos, ao lado do outro, quando a solidão nos chama, quando a tristeza é quem nos aquece. Por muitas vezes tu me libertas disso, me fazes lembrar o quanto é chocante estar em par com a vida, na agressão da felicidade.

Feitos exatamente um na necessidade do outro.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Nada que fará sentido.

Não escrevo mais. Não ouço mais. Nada que dirão fará sentido, hoje. Principalmente se for sobre mim.
Como você tem certeza que entende alguém?
Minha escrita está tão péssima que me dá nojo.
Essa sou eu, agora.

domingo, 7 de agosto de 2011

O pior é que na indiferença eu sofria menos.
Como você se sentiria se imaginasse que não tem controle sobre nada que já sentiu na vida? Que não sabe denomina nada, porque depois de um tempo você ficou indiferente pra todas essas pessoas. É muito ruim, você sente que não conseguiu viver nada e já passou tanto tempo.
Eu queria me isolar, mas também não quero ser mais indiferente com as pessoas, por isso tô correndo atrás delas, mas elas também parecem mais se esforçar a lucrar em um contato comigo. Então, ficamos nisso.
Na verdade, eu nem sei. Acho que tô querendo muito fugir da indiferença, muito mesmo. Tô buscando meus verdadeiros amigos, mas eles parecem não corresponder da forma que eu esperava. Tô tentando corresponder a forma que todo mundo espera, mas também não sinto ânimo pra isso. Tô revivendo em mim um sentimento que já em torturou muito, no qual eu já tinha em mim que tinha superado, mas pelo visto não.

Acho que preciso de um psicólogo de novo, não consigo falar disso com ninguém.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

70ucur4


Faz tempo que eu vejo coisas que não existem. Que tipo de coisas? A televisão pingando, balões ilustrativas de pensamento saindo das cabeças das pessoas com conteúdo contraditório ao que elas falam, cachorros fumaçando.

As nuvens estão se espalhando rápido, hoje. Vai ser um dia bonito, certamente. As formigas vão trabalhar em paz.

Essa casa não está bem posicionada, já percebi isso. Sabe quando você acorda sabendo que alguma coisa está errada? Essa casa tá errada. Primeiro achei que era o colchão que tava torto, comprei outro, depois achei que era a cama, cerrei os pés da cama milimetricamente ao meu gosto, depois achei que era o piso, e coloquei apoio sob os pés da cama; agora é a casa, esses trapaceiros construíram minha casa torta, em terreno torto e eu paguei por isso.

Sabe outra coisa que parece errada? A ordem dos números. 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Quer dizer, está na ordem crescente, mas ainda assim acho que 7 parece maior que 8, por exemplo. Números ímpares condensam uma autoridade entre si, como se cada um parecesse uma graduação e os pares só fossem um espaçamento, um período, talvez um teste para que se chegue a ser melhor, a ser enfim um 9. Mas para chegar em alguns ímpares deveria ter mais respeito, é assim que eu encaro. A ordem correta: 1, 2, 3, 4, 6, 0, 5, 8, 7, 9. Muitas coisas são decididas entre 0 e 5 – meus preferidos. Tão perto e tão longe.

Clareou o dia, tão bonito. É provável que seja um bom dia pra ir ao centro pra comprar minha rede e sete trancas novas pra casa. Sete. Que é melhor que oito.

domingo, 14 de novembro de 2010

"Você vai passar por coisas piores do que isso, vai ver muito mais sujeiras pela frente. E espero, sinceramente, que você se revolte mais"

"E eu espero que você esteja sempre comigo pra me aconselhar"

"Eu estarei".

domingo, 31 de outubro de 2010

Conversa a mais

- O que foi?

- Estava pensando o quanto eu odeio os humanos.

- Como?!

- Não me leve a mal, acho que temos uma relação de amor e ódio. Eu já amei muito a humanidade, suas teorias para entendê-las, suas linguagens, seus costumes, toda a filosofia que a abrange, sua sabedoria é genuína...

- E então...?

- Estou desiludido. Enquanto estou aqui a conversar com você, outras pessoas devem estar planejando algo para ser o melhor. É da natureza humana a competição, sempre tem um alvo fácil e um prêmio maior e no final... Ninguém conhece ninguém. Não se brincou muito quando foi feita a frase “Quanto mais conheço o homem mais gosto dos animais”.

- Então você prefere os não-racionais?

- Eu prefiro a inteligência usada de modo certo.

- E agora tem modo?

- Tudo bem, quanto mais conheço o homem mais gosto dos números.

- A bomba atômica foi descoberta por um físico.

- Não importa quem fabrica a arma e sim quem puxa o gatilho.

- Isso é uma baboseira.


- É o que eu estou tentando falar desde o início.

domingo, 24 de outubro de 2010

A Carta Sem Significado

Bom dia.

Não vou usar de nenhum vocativo, não quero que a minha voz ecoe na sua cabeça como uma lembrança carinhosa. Se você está lendo esta carta é porque escolheu o copo certo. Chegamos do teatro, você estava cansado e te ofereci um chá. Viemos conversando sobre a peça, sobre a história daquela avenida e sobre o Iluminismo, e eu tive que perder, você sabe que eu estava perdida por isso encerrou o assunto, fechou as janelas do carro e ligou o rádio.

Estou escrevendo esta carta enquanto você toma banho. Era uma coisa que você estava ainda disposto a fazer, e sentia que tinha que fazer. Eu, também, tenho que fazer isso e o melhor de tudo é que não vou ter que explicar o porquê.

Em uma xícara contém sonífero e a outra também um certo tipo de sonífero, só que permanente. Deixarei as xícaras sobre a bancada e deixarei você escolher, enquanto me troco pro nosso último chá.

Boa sorte,
Ruth.